Tia e primo de Carlos Wanzeler entram com
ação para reaver dinheiro investido no negócio
No total, os dois parentes pedem cerca de R$ 15 mil,
quantia que inclui também os lucros prometidos pela Telexfree para conquistar
adesões. O valor é relativamente pequeno em comparação a outros processos, como
o de um advogado de Mato Grosso que pede R$ 101 mil.
"Acredito que são parentes distantes, senão
tinham investido um valor muito maior e estariam no topo da pirâmide",
afirma o advogado Alexey Campgnaro Lucena, que representa os dois e pediu
sigilo de seus nomes.
Os dois processos estão na Justiça do Espírito Santo,
onde Wanzeler decidiu abrir em 2010
a sucursal brasileira da Telexfree Inc, fundada por ele
nos Estados Unidos em 2002. O empresário vive por lá até hoje, o que dificultou
a tomada do seu depoimento no inquérito criminal que segue paralelo à ação civil
movida contra a empresa pelo Ministério Público do Acre (MP-AC).
A Telexfree brasileira é acusada pelo MP-AC de ser
uma pirâmide financeira disfarçada de uma empresa de telefonia VoIP por meio de
marketing multinível, pois dependeria das taxas de adesão pagas pelos
revendedores e não dos pacotes de minutos para se sustentar. No Brasil, a rede
de divulgadores – como são chamados esse revendedores – tem cerca de 1
milhão de pessoas, segundo Wanzeler. A empresa nega irregularidaddes.
As investigações contra a Telexfree ganharam corpo no
início do ano e, em março, a Secretaria de Acompanhamento Econômico (SAE) do
Ministério da Fazenda divulgou uma nota em que classifica o negócio como
"não sustentável". A tia e o primo investiram na empresa em abril e
em maio.
"As pessoas
ficam seduzidas pelos ganhos daqueles que estão lá há mais tempo. Eles [ os parentes de Wanzeler] não levaram em consideração [ as acusações contra a empresa ], ou não sabiam mesmo",
justifica Lucena.
Wilson Furtado Roberto, advogado da Telexfree,
diz que o tio e a prima são parentes distantes de Wanzeler.
"Ele não mantém contato com a tia há mais de 26
anos, ou seja, quando foi residir nos Estados Unidos", afirmou o advogado.
"Convém ser dito que ele nem sequer conhece o filho da sua tia.
Contas congeladas
Em 18 de junho,
a Justiça aceitou a denúncia do MP-AC e determinou o bloqueio das contas da
Telexfree e dos sócios – incluindo Wanzeler –, além de impedir a entrada de
novos divulgadores no negócio. Os advogados já tiveram negados nove recursos
contra a decisão.
Desde então, o
número de processos contra a empresa disparou. O iG mostrou
que, até o fim de julho, ao menos 176 ações haviam sido abertas por divulgadores que exigiam, além do
dinheiro investido, os expressivos lucros prometidos e, em muitos casos,
indenizações por danos morais.
As ações da tia e do primo de Wanzeler chegaram ao 2ª
Juizado Especial de Cível de Vila Velha no último dia 30 de julho, semana em
que a enxurrada de questionamentos ganhhou mais corpo. São apenas dois dos
quatro processos que Lucena, o advogado dos parentes de Wanzeler, está
representando
"Já recebi consultas até de gente de Santa
Catarina interessada em processar a Telexfree", diz ele.
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