05/09/2011

WIKILEAKS CONSULTA SEGUIDORES PARA SABER SE PUBLICA DOCUMENTOS NA ÍNTEGRA

Site especializado no vazamento de informações de governos faz pesquisa no Twitter para decidir que atitude tomar


O site de divulgação de documentos confidenciais WikiLeaks lançou, nesta quinta-feira (1), uma consulta com seu milhão de seguidores no microblog Twitter para saber se publica na integridade, ou seja, sem proteger a identidade das fontes, os mais de 250 mil despachos diplomáticos americanos que têm em seu poder.
A consulta foi lançada em meio a uma polêmica entre o WikiLeaks e o jornal britânico The Guardian, acusado pelo portal fundado por Julian Assange de estar por trás da difusão temporária da totalidade dos documentos sem edição.
A votação está "favorável a mais de 100 por 1" pela divulgação total do denominado 'Cablegate', anunciou o WikiLeaks, que na semana passada já tinha publicado outros 134.000 novos documentos confidenciais do Departamento de Estado americano, muitos dos quais incluíam nomes de pessoas que haviam falado sob a condição do anonimato com diplomatas americanos.
Diante desta nova ameaça, o Departamento de Estado avaliou que a continuação da difusão dos documentos por parte do site especializado no vazamento destes documentos era "irresponsável, imprudente e francamente perigosa".
"Expusemos claramente nossos pontos de vista e preocupações sobre a divulgação ilegal de informação secreta e o risco continuado causado por estas divulgações para alguns indivíduos e a segurança nacional", declarou, em Paris, a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
O WikiLeaks argumentou, em um editorial publicado na internet, que a iniciativa de difundir a totalidade dos documentos se devia a que estes estavam em um arquivo na internet e que a senha também era pública.
O site acusou nesta quinta-feira um jornalista do Guardian - um dos cinco periódicos de prestígio mundial que difundiram os primeiros documentos, juntamente com El País, Le Monde, The New York Times e Der Spiegel - de ter revelado a senha secreta que dá acesso aos despachos.
"Já falamos com o Departamento de Estado e apresentamos uma ação preliminar na Justiça", acrescentou o WikiLeaks em um comunicado divulgado no Twitter.
O jornal britânico retrucou, informando que "repudia totalmente qualquer acusação de que seja responsável pela divulgação dos despachos sem editar" e acusou, por sua vez, o site.
O The Guardian também insistiu no comunicado enviado ao Wikileaks "não seguir adiante com seu plano de difundir os despachos" sem editar, lembrando que esta tem sido sua posição desde que teve início a divulgação dos documentos, no fim de 2010.

FUNDADOR DO WIKILEAKS DIZ QUE IMPRENSA OCIDENTAL É MENTIROSA

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, acusou a imprensa ocidental de omitir informações e de mentir. "As organizações de mídia que orgulhosamente dizem ao público que perseguem a verdade são mentirosas", declarou Assange, na abertura do evento InfoTrends, em São Paulo, nesta quinta-feira.
O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, abriu nesta quinta-feira (1º), em São Paulo, o 2º Info@Trends. O australiano, que está em prisão domiciliar em Londres, falou por videoconferência para uma plateia de mais de 2 mil pessoas. Segundo o jornalista, ele é acusado não pelas 260 mil denúncias feitas em seu site e sim por uma “coisa diversa”. Durante a palestra, Assange contou que o WikiLeaks tem uma representante no Brasil, a jornalista Natália Viana, e também um braço na região Nordeste. Ele comentou também a divulgação, em dezembro do ano passado, de telegramas à diplomacia brasileira. O ciberativista acusou grandes conglomerados de comunicação, a exemplo do The New York Times, de minimizar suas denúncias, entre elas contra um esquadrão norte-americano encarregado de executar mais de 2 mil pessoas no Iraque. Durante sua fala, ele culpou ainda as Ilhas Caimã por “guardar dinheiro sujo” e Guantánamo por “guardar seres humanos”. O Info@Trends seguiu até a última sexta-feira (2) e teve ainda palestra com a blogueira Arianna Huffington, proprietária do blog de maior acesso nos Estados Unidos,

EM EVENTO BRASILEIRO, ASSANGE CRITICA IMPRENSA OCIDENTAL

O ativista Julian Assange, fundador do WikiLeaks, criticou duramente a corrupção de várias instituições ocidentais e a censura que, na sua avaliação, assola a imprensa. As declarações foram feitas nesta quinta-feira durante palestra do jornalista australiano na abertura do InfoTrends, evento de cultura digital promovido pela Editora Abril, que publica as revistas VEJA e INFO. 
Assange afirmou que renomadas publicações como o jornal americano The New York Times e o britânicoThe Guardian mentem e ocultam dados de seus leitores para preservar boas relações com os governos de seus países.
O ativista afirmou, por exemplo, que o Times teve acesso a relatos de cidadãos iraquianos narrando como uma família inteira foi assassinada em uma ação do exército americano em Bagdá e recusou-se a publicar a história. O caso só tornou-se público quando a revista semanal alemã Der Spiegel revelou os assassinatos.
Segundo Assange, o NYT também se recusou a divulgar reportagem sobre um esquadrão da morte em ação no Afeganistão. O ativista afirmou que o governo americano mantém uma lista com o nome de 2.000 pessoas que devem ser mortas no Afeganistão. “São execuções extrajudiciais. Ninguém tem acesso a esta lista. O governo afegão não têm ciência disso e os procurados não sabem que devem se entregar ou morrerão”, afirmou.
Além de censura, as publicações ocidentais distorcem informações, disse. Para sustentar a denúncia, Assange citou matérias do jornal The Guardian, que teria publicado informações falsas a pedido de serviços de inteligência do governo americano. O ativista referia-se à reportagem, publicada noGuardian, afirmando que o governo da Coréia do Norte enviou mísseis de longo alcance para o Irã. “Essas falsas informações foram usadas para simular que o governo do Irã teria armas capazes de ameaçar a Europa”, disse Assange. Segundo ele, a Coréia do Norte nunca enviou mísseis ao Irã, mas apenas algumas peças para a construção de projéteis de baixa tecnologia.
Para o ativista, governos como o britânico e o americano se valem de parcerias com a mídia para disseminar o medo entre seus cidadãos e legitimar suas ações militares no mundo. “Quando as pessoas têm medo, elas aceitam coisas que não tolerariam em outras circunstâncias”, disse.
Assange afirmou ainda que a maior parte dos governos dos países ricos se beneficia da corrupção em nações pobres e, por isso, não se esforça em combatê-la. “O WikiLeaks identificou casos de corrupção em instituições da Bulgária e do Quênia, que foram abafados a pedido de governos ocidentais."
Isso ocorre porque as nações ricas têm interesse em receber o capital fruto da corrupção nas nações em desenvolvimento, garante o australiano. “Esses recursos acabam depositados em bancos suíços e ingleses e ajudam a fortalecer a moeda dessas regiões”, argumentou.
A aliança entre governos, bancos e imprensa permitira, na opinião de Assange, perpetuar relações de corrupção e censura. “Enquanto as prisões tiram pessoas incômodas do caminho, os bancos asseguram que o dinheiro dos corruptos fique a salvo”, disse. Ao citar as detenções, Assange lembrou que há, no momento, dois voluntários do WikiLeaks presos no mundo, suspeitos de espionagem, e lembrou sua própria condição de preso domiciliar. Assange vive no interior da Grã-Bretanha, onde se defende de um processo de assédio sexual movido pela promotoria da Suécia. “As acusações contra mim são totalmente falsas. As denúncias contra outros membros do WikiLeaks também não são verdadeiras. Somos alvo do governo americano por termos a coragem de denunciar suas práticas”, afirmou.
Após a palestra, Assange conversou com a plateia do InfoTrends por meio de teleconferência, já que está impedido de sair da Grã-Bretanha. “Eu lamento muito não estar aí com vocês. Tenho um sonho antigo de visitar o Brasil, o país que mais contribui, em número de pessoas, com voluntários para o WikiLeaks”, disse. Ao fim de sua fala, Assange respondeu às perguntas feitas pelos participantes do evento e pelos seguidores do perfil @_INFO no Twitter. Questionado sobre o uso das redes sociais em protestos pelo mundo, voltou a centrar críticas contra a imprensa. “Aqui na Grã-Bretanha, a BBC criminalizou o uso das redes sociais que permitiram aos jovens protestar contra a violência policial. A BBC tratou todo o movimento como baderna e não entrevistou nenhum manifestante”,disse. O ativista disse ainda que articulou com parceiros locais na Tunísia e no Egito a tradução de documentos descobertos pelo WikiLeaks para o árabe e usou o Twitter para disseminar denúncias contra os governantes locais.  “As redes sociais foram fundamentais para levar a verdade para as populações do norte da África. Com essas informações, elas tiveram força para se mobilizar e derrubar ditaduras corruptas”, finalizou.
Mais informações sobre o InfoTrends podem serão encontradas no site INFO Online.

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