Cientistas querem introduzir no Panamá mosquitos
geneticamente modificados por uma empresa britânica para combater o inseto
transmissor da dengue, informou nesta quarta-feira (16) Néstor Sousa, diretor
do Instituto Comemorativo Gorgas de Estudos de Saúde, com sede no Panamá.
Os mosquitos OGM (organismos geneticamente
modificados) introduzidos seriam machos que competiriam com seus congêneres
pelas fêmeas, cuja descendência morreria por não conseguir sobreviver à fase de
larva na água, a menos que recebam um suplemento nutritivo.
Esta característica corresponde a um gene introduzido
em laboratório pela empresa de biotecnologia britânica Oxytec. Este processo
tecnológico, ainda em fase de estudo e para o qual foram realizadas
experiências no Brasil, Malásia e nas Ilhas Caiman, têm efeitos adversos
teóricos, mas nenhum real, afirmou Sousa durante uma conferência.
Mas a técnica e a modificação genética geram muitos
temores entre grupos de ambientalistas, ainda mais porque até o momento não há
autorizações para este tipo de prática e os projetos para compra dos mosquitos
OGM da Oxytec devem aguardar autorizações oficiais.
Sousa tenta tranquilizar os críticos. “Os efeitos
adversos teóricos existem, mas não há um risco real”, insistiu, acrescentando
que este método de controle é “mais seguro para o ambiente” do que os
inseticidas.
Trata-se de
“uma nova tecnologia para controlar as populações de mosquitos ‘Aedes aegypti‘ (…), ficou demonstrado que se você
libera estes mosquitos machos periodicamente e a população diminui”, disse
Sousa.
Além disso
Sousa assegurou que não há impacto ecológico ao eliminar o ‘Aedes aegypti‘ porque os mosquitos podem fazer “suas
mesmas funções” no ecossistema.
A tecnologia
RIDL, da Oxytec, é uma variação melhorada da Técnica do Inseto Estéril, usada
no Panamá há vários anos para controlar a bicheira (‘Cochliomyia hominivorax‘).
Nesta técnica, machos “estéreis” são liberados para
acasalar com fêmeas silvestres, reduzindo o êxito reprodutivo destas fêmeas.
Repetidas liberações levam, portanto, à supressão da população silvestre.
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