A realização de contratos temporários
de trabalho para intérpretes de libras por instituições federais de ensino foi
criticada na última quarta-feira (3) em audiência pública da Comissão de Defesa dos
Direitos das Pessoas com Deficiência, na Câmara.
Profissionais que atuam nessa área
reclamaram das condições de trabalho e da falta de enquadramento dos
intérpretes contratados como técnicos.
Felipe Silva, do Sindicato Nacional
dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica,
informou que as instituições federais contam hoje com 780 tradutores e
intérpretes de libras.
Ele criticou portaria do Ministério
da Educação (MEC) que permite a contratação temporária de profissionais com
nível superior e salários maiores do que ganham os intérpretes que já
desempenham as funções mas não têm os enquadramento exigido pela lei.
"O ministério cria uma portaria
com profissional de nível superior, mas não situa esse profissional. Não
trabalha a carreira de nível "D", que está em curso hoje nas
instituições públicas federais, nem a carreira "E", que também
é válida, mas edita portaria para fazer um atendimento que nós, profissionais de
libras, sabemos que não vai resolver”, avaliou.
Segundo ele, não adianta colocar 153
profissionais, tradutores e intérpretes dentro das universidades públicas
porque o deficit é muito maior. “Hoje, surdos continuam não sendo atendidos na
esfera pública federal de ensino", disse.
Regulamentação
Autora do requerimento para o debate, a deputada Érica Kokay (PT-DF) propôs a criação de um grupo de trabalho para rever a regulamentação profissional dos intérpretes de libras.
Regulamentação
Autora do requerimento para o debate, a deputada Érica Kokay (PT-DF) propôs a criação de um grupo de trabalho para rever a regulamentação profissional dos intérpretes de libras.
"Nós temos vários problemas. O
MEC deveria rever a decisão sobre os contratos temporários para que pudéssemos
fazer uma discussão mais aprofundada”. Para a deputada, não se pode contratar
trabalhadores temporários sem dar solução aos que estão em exercício em
desconformidade com a legislação. “Precisamos estabelecer jornada, adequar e
consertar essas lacunas", defendeu
Webster Cassiano, coordenador geral
de Recursos Humanos dos Institutos Federais de Ensino Superior do Ministério da
Educação, informou que o pedido por profissionais temporários é emergencial e
tem o objetivo de atender a demanda imediata das instituições. Ele destacou que
a exigência de nível superior para os intérpretes de libras está no Estatuto da
Pessoa com Deficiência.
Representante da Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do ministério,
Linair Martins disse que o MEC estuda uma maneira de oferecer formação aos
profissionais que já atuam como intérpretes, mas ocupam cargos
técnico-administrativos em Educação e não cumprem as exigências legais do
Estatuto da Pessoa com Deficiência.
O estatuto exige nível superior, com
habilitação, prioritariamente, em tradução e interpretação em libras para quem
atuar em salas de aula dos cursos de graduação e pós-graduação.
Reportagem - Geórgia Moraes
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