Presidente do STF disse que sempre defendeu fim da prerrogativa de foro.
Para ele, julgamento deveria ter sido desmembrado para outras instâncias.
Para ele, julgamento deveria ter sido desmembrado para outras instâncias.
Após a última
sessão de julgamento do mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal,
Joaquim Barbosa, afirmou nesta segunda-feira (17) que a “lição” deixada pelos
quatro meses dedicados à ação penal é que não deveria haver foro privilegiado.
Ele também disse
que o processo deveria ter sido desmembrado desde o início, para que os réus
sem prerrogativa de foro fossem julgados em primeira instância. A prerrogativa
de foro permite que autoridades sejam julgadas somente por determinadas
instâncias da Justiça - deputados e senadores, por exemplo, só podem responder
a processo no Supremo; o foro de governadores é o Superior Tribunal de Justiça
(STJ).
“A lição é que o
Supremo não deve chamar para si processos dessa dimensão. O tribunal está
paralisado há quatro meses. Eu sou contra o foro privilegiado, e eu mesmo
propus em 2006 o desmembramento desse processo, mas fui vencido. A consequência
é que eu tive que conduzir”, afirmou Barbosa, que também é o relator do
mensalão.
Quatro meses e meio
Após 53 sessões, o Supremo concluiu nesta segunda o
julgamento do processo do mensalão. Desde 2 de agosto, o tribunal decidiu
condenar 25 dos 38 réus do processo, fixou as punições de cada um, além de
definir que os três deputados federais condenados terão que deixar seus
mandatos. Como os três parlamentares são réus no processo e têm foro
privilegiado, a ação foi julgado no STF.
Durante os quatro
meses de julgamento, o Supremo entendeu que existiu um esquema de compra de
votos no Congresso Nacional durante os primeiros anos do governo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os ministros
consideraram que houve desvio de dinheiro público, de contratos da Câmara dos
Deputados e do Banco do Brasil, para abastecer o esquema criminoso.
Sem dormir
Barbosa afirmou ainda que o julgamento do mensalão
provocou “problemas de saúde” e destacou que não é fácil condenar.
“Um processo como
esse leva a decisões dificílimas, a noites sem dormir, trabalho durante 12, 14,
15 horas. Leva a reformulações sucessivas de pensamentos. Você vê a coisa por
outro ângulo. Condenar não á fácil. Condenar à pena privativa de liberdade não
é fácil”.
O ministro disse
ainda que, pelo tamanho do processo, é uma “proeza” o Supremo ter conseguido
terminar o julgamento. “Pelo menos, conseguimos ultrapassar essa etapa, não é?
Que tenhamos conseguido terminar esta ação já é uma proeza extraordinária,
apesar do tempo longo que levou para essa conclusão.”
O presidente do
Supremo afirmou também que a publicação em acórdão da decisão do julgamento do
mensalão deverá ocorrer em 60 dias contados a partir desta segunda. O prazo é
suspenso durante o recesso do Judiciário, que tem início na próxima quarta (19)
e termina no dia 1º de fevereiro.
“Há um prazo
fixado no regimento de 60 dias contado a partir de hoje, da proclamação do
resultado [descontado o recesso]”, disse. A partir da publicação do acórdão
serão abertos prazos para a apresentação de recursos contra a decisão do
Supremo.
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