29/03/2017

DEFESA DE TEMER USARÁ DECISÕES ANTIGAS DO TSE PARA TENTAR SEPARAR PRESIDENTE DA CHAPA COM DILMA

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Gustavo Guedes, advogado do presidente, disse que precedentes servirão de alegação para separar integrantes

 O julgamento do processo que pode levar à cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer começa na próxima terça-feira. A defesa do atual presidente aposta na separação das condutas, alegando que Temer abriu a própria conta para arrecadação da campanha.

Para isso, o advogado Gustavo Guedes disse, na manhã desta quarta-feira, que incluiu no processo ações antigas em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já separou os integrantes da chapa. 

Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, citou o caso do falecimento de um governador, cujo vice não foi condenado por prática irregular desse governador, e o de um vice de uma chapa que, embora estivesse inelegível, não tornou o titular da chapa inelegível.

"Os precedentes que foram juntados por nós nas alegações finais mostram que uma chapa não é absoluta. Se ela não é absoluta, você tem que partir para análise do caso concreto. E na análise do caso concreto, não houve qualquer tipo de acusação direta ao presidente (Temer), que abriu a sua conta, movimentou seus recursos, fez os gastos sem nenhum tipo de ilicitude", disse o advogado.

Guedes justificou que o peemedebista fez a sua própria arrecadação na campanha presidencial de 2014 e que, por isso "não pode ser imputada a ele a responsabilidade pela arrecadação". Dessa forma, mesmo beneficiado por supostos recursos ilegais, já que a chapa Dilma-Temer foi eleita, ele acredita que os precedentes vão permitir a "separação".
"Como não houve efetiva atuação do presidente em nenhum desses atos ilícitos e considerando que a ex-presidente Dilma foi cassada, nesse caso, a chapa deve ser flexibilizada como já ocorreu em outros casos, e, assim, a ação deve ser julgada improcedente em relação a isso", afirmou o defensor de Temer.
Caso essa estratégia não dê certo, Guedes disse que a defesa aposta na nulidade do processo. Segundo ele, já foi provado que a campanha de Dilma e Temer não recebeu verba do chamado "Petrolão", que era a acusação inicial do processo. Ainda alega que as suspeitas originadas da Lava-Jato e fruto das delações da Odebrecht não podem ser incluídas durante o andamento da ação.
"O processo começou como se houvesse dinheiro do petróleo na campanha, e está terminando sem nenhum centavo de dinheiro do petróleo na campanha", disse ele, complementando depois:
"Dois anos depois, da delação da Odebrecht, surgem fatos, como o R$ 50 milhões para o Mantega, pagamento de partidos políticos e do João Santana que não estavam na petição inicial. Para mim, é uma nulidade insuperável. Essas situações apontadas na Odebrecht não estavam na ação lá atrás e não poderiam ter sido colocadas no meio do processo. A defesa foi surpreendida com esse tema e essa é uma nulidade que a gente está colocando de uma forma muito firme no processo."
Por fim, Gustavo Guedes comentou que Temer está incomodado com o processo de cassação no TSE, mas que está "tranquilo".
"Ele acha que os argumentos que a gente trouxe serão suficientes para ou que não se reconheça ilícitos com relação a ele ou que se faça a devida separação de responsabilidades nesse caso", concluiu o advogado.
O julgamento
O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, informou nesta terça-feira que o julgamento do processo que pode levar à cassação da chapa de Dilma e Temer começa na próxima terça-feira, dia 4, em uma sessão extraordinária marcada para o período da manhã. 
Ao todo, o ministro decidiu dedicar quatro sessões da primeira semana de abril para a discussão do caso. Serão duas ordinárias – terça-feira à noite e quinta pela manhã – e outras duas extraordinárias, terça pela manhã e quarta à noite. 
O cronograma do julgamento foi definido pelo presidente do TSE em reunião com os demais integrantes da corte eleitoral. 
 Fonte: Rádio Gaúcha


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