09/03/2012

ACORDO COM CREDORES LIVRA GRÉCIA DO CALOTE

Banqueiros e fundos vão aceitar perdas de até 74% do valor dos títulos da dívida



O governo grego afirma ter recebido apoio suficiente para seguir adiante com a maior reestruturação da dívida da história. De acordo com a Autoridade de Gestão da Dívida Pública (PDMA), 95,7% de seus credores aceitaram receber menos do que os 197 bilhões de euros (R$ 458 bilhões) a que tinham direto em títulos do governo. A operação supera os US$ 82 bilhões (R$ 144 bilhões, em valores atuais) do calote da Argentina em 2002.
"Gostaria de expressar minha gratidão aos credores", disse o ministro grego Venizelos

Os credores aceitarão perdas de até 74% do valor de face dos títulos que detêm uma redução de 172 bilhões de euros (R$ 400 bilhões) na dívida do país.
A adesão foi suficiente para o governo forçar investidores que não concordavam com a troca de títulos (swap) a aderirem ao acordo. Atenas precisava de pelos menos 75% de adesão espontânea para tal.
A União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) haviam afirmado que não repassariam à Grécia os 130 bilhões de euros do pacote de ajuda ao país caso a troca da dívida não tivesse êxito.
O Ministério das Finanças grego, por sua vez, havia deixado claro que a alternativa ao swap seria o calote.
O mercado financeiro ficou agitado na quinta-feira, impulsionado pelo otimismo diante da troca de títulos, com a bolsa de valores de Atenas subindo mais de 3% e os índices de Paris e Frankfurt subindo ainda mais do que este percentual.
Risco menor de contágio
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF), no qual estão os credores privados da dívida grega, assegurou que a aceitação voluntária das condições da troca por parte da maioria deles reduz o risco de contágio a outros mercados da zona do euro.
Em comunicado, o diretor do IIF Charles Dallara indicou que o plano permitirá à Grécia abordar as reformas necessárias e reduzir os importes que deverão ser refinanciados entre 2012 e 2020.
Segundo o presidente do IIF e do Deutsche Bank, Josef Ackermann, o fato de a maioria dos credores ter aceitado o acordo de forma voluntária representa uma oportunidade única para que o país aprofunde as reformas já empreendidas e, ao mesmo tempo, reforça a capacidade da zona do euro para consolidar um ambiente de estabilidade e crescimento.
FMI
É bem provável que o acordo sobre a dívida grega seja um sucesso, disse hoje a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em entrevista ao apresentador norte-americano Charlie Rose. "Parece-me que a crise está passando", disse a diretora do Fundo.
"Acredito que os números serão promissores", acrescentou Lagarde, poucas horas após o prazo para a participação na troca maciça de títulos da dívida grega. "E você sabe que aquilo que nós projetamos e negociamos arduamente um mês atrás, é provável que se torne realidade ao longo desta noite", afirmou.
"Esforço histórico"
A Grécia informou ter estendido o prazo para adesão de credores estrangeiros a 23 de março, em uma tentativa de obter percentual superior aos atuais 69%.
"Em nome do país, gostaria de expressar minha gratidão aos credores que apoiaram nosso ambicioso programa de reformas e ajustes e que compartilharam sacrifícios dos gregos neste esforço histórico", disse o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos.
"A Grécia vai continuar implementando as medidas necessárias para atingir o ajuste fiscal e as reformas estruturais com os quais se comprometeu, e isso colocará o país de volta no caminho do crescimento sustentável", acrescentou o ministro.
O comissário de Assuntos Econômicos da União Europeia, Olli Rehn, havia dito no início da semana que não haveria oferta melhor aos credores e que o acordo seria vital para a estabilidade da zona do euro.
"É importante que todos os investidores reconheçam que a Europa se comprometeu com o máximo de recursos disponíveis para uma troca voluntária da dívida e que a participação integral (dos credores) é necessária para que o programa de ajuste grego vá adiante", advertiu.
O objetivo do programa de ajustes é reduzir a dívida do país dos atuais 160% do Produto Interno Bruto para 120% até 2020.
A economia do país encolheu 7% no último trimestre de 2011 em comparação a igual período do ano anterior.

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