Por
indicação da Associação Brasileira de Expostos ao Amianto, Arthur Frank, membro
do Collegium Ramazzini, professor patologista e pesquisador dos efeitos
cancerígenos da espécie crisotila de amianto, compartilhou opiniões sobre os
perigos do amianto, especialmente a crisotila, em sua apresentação realizada
durante audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF). Há mais de 40 anos
ele estuda os efeitos do amianto.
“O
ponto mais importante que eu quero levantar é que todas as formas de amianto,
inclusive o crisotila, causam uma série de doenças malígnas e não malígnas”,
ressaltou. O professor disse que não falaria apenas de suas próprias opiniões,
mas sobre o que organizações internacionais consideram sobre o assunto, tais
como a Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, a Organização
Internacional do Trabalho e a Organização Munidial da Saúde, entre outras.
“Todas as formas de amianto, inclusive a crisotila, são perigosas. Chegamos a
essa conclusão com base naquilo que estudos científicos nos mostram e não por
conta das fontes de financiamento da origem das informações”, salientou.
“Pessoalmente,
já testemunhei vítimas de amianto ao longo dos anos. Os meus estudos envolvem
culturas de células, órgãos, animais e humanos e eu realizei trabalhos não
apenas nos Estados Unidos, mas na China, Siri Lanka, Israel, Índia e outros
países, com dezenas de publicações sobre o perigo do amianto”, disse. Segundo
ele, “todos os tipos de amianto foram reconhecidos como carcinogênicos”. “Da
mesma forma, há outros tipos de amianto carcinogênicos como benzeno, benzila e
muitos outros”, afirmou.
De
acordo com o professor, com exceção do amianto, todos esses compostos são
rapidamente metabolizados pelo organismo, levando ao desenvolvimento de câncer
que ocorre décadas após a exposição. “As fibras de amianto podem se movimentar
no organismo, muitas delas permanecerão para sempre nos pulmões, na pleura, nos
rins, em qualquer outro órgão e, com o tempo, causar o câncer, até atravessam a
placenta durante a gestação dos bebês”, acrescentou.
Quanto
ao uso de cimento de amianto, ele revelou que há um estudo da Noruega mostrando
um aumento de câncer gastrointestinal em indivíduos que consumiram água de
cisternas de amianto. Apesar de apresentar muitas informações que são fontes de
pesquisa em todo o mundo, Arthur Frank considerou que a ausência de dados não
significa ausência de doenças.
“É
verdade que mais de 55 países baniram totalmente o uso do amianto em todas as
suas formas e outros países adotaram restrições”, informou. “Parece haver
substitutos adequados ao amianto. Não há necessidade de continuar a usar
amianto nesse mundo”, ressaltou o professor.
“Esperamos
que esta Corte Suprema reconheça os perigos do amianto, inclusive o da
crisotila, e que o Brasil se una aos países civilizados que baniram o uso do
amianto como uma das melhores e maiores ações que podem ser feitas em favor dos
seus semelhantes: banir qualquer elemento contendo amianto e que possa levar ao
câncer”, concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário