Prosseguindo
na audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal, em nome da
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e da Associação Brasileira de
Expostos ao Amianto falou o doutor em pneumologia pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo Ubiratan de Paula Santos. “O amianto é um velho
conhecido. Nós conhecemos os malefícios do amianto há mais de um século”,
disse, ressaltando que o mineral já foi classificado como cancerígeno.
Nesse
sentido, o pneumologista lembrou que o amianto está associado a um dos cânceres
mais prevalentes e que mais mata no mundo: o câncer de pulmão. “Nós estamos
falando de um fator de risco que ocorre em uma doença altamente incidente e
letal, portanto qualquer variação de risco tem um impacto significativo”,
afirmou.
Segundo
ele, 90% do amianto que existe no mundo é do tipo crisotila e “seria estranho
supor que os outros 10% fossem a única causa de doença e não essa variedade de
amianto”. Dessa forma, Ubiratan de Paula Santos revelou que a crisotila é um
tipo de amianto que faz tão mal quanto as variedades utilizadas no mundo. Para
ele, todos os tipos de fibra de amianto – crisotila, crocidolita, amosita,
tremolita, actinolita e antofilita – são cancerígenas para o homem.
Contato com a fibra
Ele salientou que o amianto faz mal para a saúde
porque é uma fibra mineral inalável e o pulmão humano é pouco adaptado para se
defender de agressores químicos e físicos. Por isso, explicou, a inalação desse
mineral dá origem a inflamação, “é citotóxico e induz lesão nos genes
(genotoxidade), causando fibrose e cânceres”.
De
acordo com ele, quando o mineral é inalado por uma pessoa, “o pulmão mastiga a
fibra de amianto pensando que é uma bactéria, um vírus ou um fungo e não é”. “O
pulmão não consegue destruir aquilo e, por propriedades da fibra, ele produz
inflamação e se autodestroi, dá fibrose no pulmão e o modifica a ponto de dar
alguns tipos de câncer como, por exemplo, o câncer de pulmão e o câncer de
pleura”, explica.
Ao
final de sua participação, o médico Ubiratan de Paula Santos concluiu que “o
amianto deve ser banido porque é um cancerígeno conhecido e está associado a
cânceres de alta incidência de mortalidade”.
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