A Comissão de Seguridade
Social e Família realiza audiência pública hoje com a presença de especialistas
para debater os supostos benefícios e malefícios do uso da maconha para a
saúde. Foram convidados para o debate o professor adjunto do Departamento de
Fisiologia da Universidade de Brasília (UnB) Renato Malcher Lopes; o escritor e
pesquisador Gideon dos Lakotas; a psicóloga clínica especialista em saúde
mental Marisa Lobo; e o deputado estadual de São Paulo coronel Edson Ferrarini.
O debate já havia sido marcado para o mês passado, mas foi adiado.
O deputado Ferrarini é
também psicólogo, advogado e coronel da reserva da Polícia Militar. O professor
Malcher Lopes é mestre em biologia molecular e doutor em neurociências, além de
coautor do livro "Maconha, Cérebro e Saúde”. A audiência foi requerida
pelos deputados Roberto de Lucena (PV-SP), Eleuses Paiva (PSD-SP) e Paulo Rubem
Santiago (PDT-PE).
Lucena justifica a
necessidade do debate pelo fato de a descriminalização do uso da maconha no
Brasil no últimos anos ter passado a ser discutida abertamente por diversos
segmentos da sociedade. Estudantes, acadêmicos, profissionais das áreas de
saúde e segurança e políticos romperam o silêncio e defenderam publicamente a
descriminalização do uso da maconha, lembra ele, utilizando argumentos
diversos, entre os quais os benefícios da erva para a saúde.
Roberto
de Lucena disse ainda acreditar que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
de permitir passeatas pela descriminalização da maconha incrementou ainda mais
os debates. “Especialistas em prevenção de dependência química passaram a ser,
com mais frequência, indagados sobre os possíveis benefícios que o entorpecente
pode oferecer para a população. As repostas quanto a este quesito têm sido
divergentes, o que nos leva a uma grande preocupação”, afirma.
“Problemas pulmonares e mentais”
O
deputado citou uma resposta dada ao Portal SRZD pelo diretor científico da
Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas, Jorge Jaber, sobre os benefícios
do uso medicinal da erva. "A liberação da maconha vai trazer um problema
de saúde pública para o Brasil. A nossa rede de saúde não esta preparada para
atender os casos. O uso medicinal da maconha pode ser feito em comprimidos, por
exemplo. Fumar não faz bem aos pulmões e vai causar mais problemas pulmonares e
também ocasionar alguns problemas mentais, como surtos psicóticos e outras
síndromes”, ressaltou Jaber, levantando ainda a possibilidade de a maconha
afetar a memória recente.
“Substância segura”
Em
contrapartida, Lucena citou uma entrevista do neurocientista e farmacologista
Daniele Piomelli, considerado uma autoridade quando o assunto é maconha, em que
afirmou que a erva é uma das substâncias mais seguras existentes e defendeu o
seu uso medicinal em especial no tratamento de pacientes de doenças graves,
como câncer e Aids. “Seria imoral, antiético e desumano não fornecer esse
alívio para pessoas que estão sofrendo, por motivos que vão além da medicina e
que a ciência não fundamenta. Como você vai dizer para alguém com câncer
terminal que ele não pode fumar maconha para aliviar sua dor?" questionou
Daniele, segundo o deputado.
A audiência pública será
realizada às 9h30, no Plenário 7.
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