Advogado de defesa de Roberto Jefferson,
delator do mensalão, afirma que “pressa” do Ministério Público com o caso criou
brechas que podem inocentar réus
Defesa de Roberto Jefferson (à direita) acredita que mensalão não foi provado pelo MP (AE)
Nas alegações finais, quase todos
os réus do mensalão, principalmente aqueles citados nos chamados “núcleo
central” e “núcleo financeiro”, negam a existência de qualquer esquema para
compra de deputados da base governista. O tesoureiro do PT, Delúbio Soares, por exemplo, disse que o pagamento a
integrantes de partidos como o PTB, PL e PMDB não passou de um caixa 2 (gastos
de campanha não declarados à Justiça Eleitoral). Marcos Valério, integrante do núcleo
financeiro, também nega que efetuou qualquer tipo de pagamento a políticos ou
congressistas.
Ainda na fase processual, de 394 testemunhas ouvidas, conforme a defesa
de Delúbio Soraes, entre as quais 79 deputados federais e senadores, apenas uma
admitiu a existência do esquema: o próprio Roberto Jefferson. Detalhe: o
ex-deputado denunciou o esquema apenas em relação a outros partidos como o PL.
Ele negou o pagamento de propina para deputados do seu partido, o PTB. A defesa
de Delúbio Soares utiliza justamente esse adendo de Jefferson para negar
qualquer pagamento de propina a deputados da base aliada do governo. O
ex-deputado é acusado de ter recebido R$ 4 milhões do PT para o PTB. Jefferson
argumenta que o dinheiro foi usado na campanha municipal de 2004.
Sem provas testemunhais, os advogados dos réus do mensalão acreditam que
o único elemento que pode comprovar a existência do esquema são os saques nos
bancos Rural e BMG e o respectivo pagamento realizado a deputados e líderes de
partidos. No entanto, as defesas argumentam que não existem elementos que
liguem esse pagamento à suposta compra de apoio político visando a aprovação de
projetos do executivo. Todos os líderes e congressistas que confirmaram o
recebimento de dinheiro do PT, alegam que o fizeram para custear dívidas de
campanha.
Luiz Francisco Barbosa criticou a decisão da PGR de não ter aprofundado
as investigações da Polícia Federal (PF) sobre o esquema. Ele também acredita
que Roberto Jefferson foi uma testemunha “mal utilizada” pelo procurador-geral
da República, Roberto Gurgel. “Ele (Roberto) poderia trazer mais elementos.
Mas, ao invés de aprofundar as investigações, a procuradoria resolveu
indiciá-lo”, disse Barbosa. “A PF quis se aprofundar, mas a procuradoria, com
base no clamor popular, resolveu fazer logo a denúncia. Uma denúncia vazia,
inclusive contra Roberto Jefferson”, disse. Jefferson responde pelos crimes de
lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Além disso, no processo, não existe garantia de que os extratos
bancários do Banco Rural, do BMG ou das agências de publicidade possam ser
utilizados como prova. Algumas defesas argumentam que essas provas são ilegais
porque não foram obtidas por meio de determinação judicial.
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