Pesquisadores anunciaram nesta manhã na Suíça
que encontraram uma nova partícula que seria consistente com o que se espera da
chamada "partícula de Deus"
A nova partícula está na região de massa 125-126 GeV. A observação do ATLAS foi
em 126 GeV e a do CMS em 125 GeV. A medida GeV é o padrão para a massa das
partículas subatômicas. Um GeV é equivalente a massa aproximada de um próton.
Ilustração mostra colisão de prótons medida pelo CMS na busca pelo bóson de Higgs
O anúncio acontece
depois de, no mês de dezembro, o mistério sobre o Bóson de Higgs ter sido
consideravelmente reduzido quando os dois experimentos independentes que
acontecem no LHC (ATLAS e CMS) limitaram uma região situada entre 124 e 126
giga elétron-volts (1 GeV equivale à massa de um próton).
Esta unidade de
energia é utilizada para representar a massa das partículas seguindo o
princípio de quivalência energia-massa (o famoso E=mc2), os dois atributos da matéria.
O principal obstáculo é a margem de erro dos dois
experimentos, ainda muito grande, apesar do grande número de dados acumulados,
e que obriga os cientistas a falar de "indícios" e não de
"descoberta" do bóson.
Otimismo
Mas os cientistas estão bastante otimistas. "Os resultados obtidos pelas
colaborações CMS e Atlas do Cern são extraordinários. Há fortíssimos indícios
de que estejamos vendo algo novo, com uma massa de aproximadamente 125 GeV.
Esse fato é corroborado pelos resultados recentes do Tevatron (acelerador de
partículas do laboratório Fermilab, nos Estados Unidos). Apesar dos eventos
sugerirem que estejamos diante do Bóson de Higgs, a confirmação de que se trata
realmente da partícula predita pelo Modelo Padrão requer medidas comparativas.
No entanto, isso ainda poderá levar um certo tempo já que requer que mais dados
sejam coletados.", afirmou à imprensa o físico brasileiro Sergio Novaes,
lider do SPRACE, que armazena e analisa dados do CMS no Brasil.
O trabalho feito pelas
equipes do CMS e do ATLAS segue o padrão ouro da Física para novas descobertas,
o chamado cinco sigmas. “Equivale a uma chance menor que uma em um milhão de
ser uma coincidência”, explicou Novaes no twitter.
As equipes do CMS e do ATLAS irão continuar a analisar os dados dos
experimentos e devem publicar seus respectivos artigos sobre o trabalho no
final de julho.
Na abertura da apresentação dos resultados, o diretor geral do Cern Rolf-Dieter
Heuer fez piada sobre o anúncio que viria. “Hoje é um dia especial porque temos
dois experimentos que falam de um certa partícula.... Não lembro o nome, mas
acho que as apresentações irão me lembrar". E no final dela afirmou: “Como
um leigo eu diria agora: 'acho que o encontramos'. Mas como um cientista, tenho
que me perguntar: 'o que encontramos?'. Hoje é um marco histórico. Acho que
devemos estar orgulhosos, felizes”.
Joe Incandela, porta-voz do CMS, afirmou que se trata de um bóson, só é
necessário ainda saber se é "o" Bóson de Higgs.
Higgs vê sua teoria ser comprovada
A prova da existência do Bóson de Higgs, postulada em 1964 pelo físico inglês
Peter Higgs tem um enorme impacto na ciência, já que se trata da única
partícula elementar do modelo padrão que não foi observada até agora. O
mecanismo de Higgs foi proposto por vários cientistas nos meados da década de
1960 como uma forma consistente de se construir uma teoria contendo partículas
com massa.
Depois foi incorporado a uma teoria descrevendo as interações fracas
e eletromagnéticas, o hoje chamado de Modelo Padrão. Desde então vem-se
buscando descobrir a partícula remanescente desse mecanismo, o Bóson de Higgs.
“Quero congratular a todos. Fico muito feliz que tenha acontecido enquanto
estou vivo”, afirmou Higgs, atualmente com 83 anos, que se emocionou ao ser
convocado para falar no final da apresentação dos cientistas do Cern.
O apelido de "partícula de Deus" foi cunhado pelo físico Leon
Lederman, mas é mais usado por leigos, como um modo mais fácil de explicar como
funcionam as partículas subatômicas e sua importância.
"Estou estupefato com a incrível velocidade com que
os resultados foram obtidos", afirmou Higgs em um comunicado divulgado
pela Universidade de Edimburgo, na Escócia.
"Nunca pensei que assistiria a algo assim em vida e
vou pedir para minha família que coloque o champanhe na geladeira",
completou o cientista.
Quando escreveu o artigo propondo a ideia de que uma
partícula seria responsável por dar massa a todas as outras partículas do
universo em 1964, Higgs teve seu artigo sobre o tema rejeitado pelo periódico
“Physics Letters”, editado pelo Cern. “Achei que talvez porque fosse muito
pequeno. Apenas um lado de um A4.”, afirmou Higgs em entrevista transmitida
pelo Cern. Higgs, no entanto, não se abalou, escreveu um pouco mais e tentou o “Physical
Review Letters” que aceitou e publicou o texto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário