Zimbaldi: queremos um meio termo para que a propaganda não venha a ser restrita,
mas também não estimule o consumo
O relator do projeto de lei
que proíbe a publicidade de produtos infantis (PL 5921/01), na
Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, deputado Salvador
Zimbaldi (PDT-SP), apresentará em agosto seu parecer. O texto já foi alterado
nas comissões de Defesa do Consumidor
e de Desenvolvimento
Econômico, Indústria e Comércio.
Após audiência pública que
debateu o tema nesta terça-feira, Zimbaldi afirmou que uma lei sobre
publicidade infantil é necessária porque o Conselho de Autorregulamentação
Publicitária (Conar) não tem sido eficaz. "Nós vamos tentar buscar o
melhor para população e particularmente para as crianças. Hoje, estamos
convivendo com a população infantil obesa, por conta do consumismo, do
sedentarismo. O que queremos, na verdade, é buscar um meio termo para que a
propaganda não venha a ser restrita, mas, por outro lado, também não haja um
incentivo, um estímulo absurdo ao consumo, conforme estamos vivenciando
hoje."
Taís Vinha, que integra um
movimento de mães por uma "Infância Livre do Consumismo", defendeu o
projeto por considerar que a publicidade deve ser dirigida aos adultos.
Taís criticou o poder de
ação do Conar que não tem atendido às denúncias a tempo, conforme o exemplo
citado por ela. "Eles diziam no merchandising: foi descoberto o segredo de
beleza da Barbie. Como é que se diz para uma criança que uma boneca de plástico
tem segredo de beleza? Esse é o ideal de beleza que estamos fazendo uma criança
acreditar? Esse ideal não existe, é plástico. Isso, na minha consideração, é
propaganda enganosa. Fiz essa denúncia ao Conar em 2010, até hoje não tive retorno.
Eles sequer acataram minha denúncia. O que a gente sente é que os pais não têm
a quem recorrer. A gente quer participar, mas a gente queria que a coisa fosse
rápida. O que adianta tirar (o comercial do ar) dois, três meses depois que a
mensagem já atingiu milhões de crianças?"
A advogada do Instituto
Alana, Ekaterine Karageorgiadis, defendeu a modificação do texto original do
projeto para que a proibição seja para a publicidade direcionada às crianças e
não aos produtos infantis. "A publicidade de produtos infantis pode
existir desde que direcionada aos pais", explicou.
A entidade, que é uma
organização sem fins lucrativos voltada para promover a assistência social, a
educação, a cultura, a proteção e o amparo da população em geral, lançou um
manifesto contra a publicidade infantil na internet
(www.publicidadeinfantilnão.org.br) aponta as principais consequências da
publicidade para as crianças: obesidade infantil, erotização precoce, estresse
familiar, conflito entre o a ideia de "ter" e "ser" e alcoolismo.
"As crianças não diferenciam a publicidade da programação, elas não têm
discernimento e não sabem que podem optar por comprar ou não", acrescentou
Ekaterine.
Interferência do Estado
O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, criticou a interferência do Estado nesse tema. "Esse projeto de lei não tem consenso. O Estado não pode desligar a Internet ou proibir a viagem de crianças ao exterior. Vai acabar criando um sistema de castas, onde há aqueles com informação e aqueles sem", disse. Costa afirmou ainda que sãos as mães que compram 70% dos brinquedos no Brasil. "A mãe sabe muito bem o que está fazendo. Eu prefiro confiar na mãe do que na ação do Estado para regular o que a família deve fazer. Eu prefiro o respeito a família brasileira", destacou.
O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, criticou a interferência do Estado nesse tema. "Esse projeto de lei não tem consenso. O Estado não pode desligar a Internet ou proibir a viagem de crianças ao exterior. Vai acabar criando um sistema de castas, onde há aqueles com informação e aqueles sem", disse. Costa afirmou ainda que sãos as mães que compram 70% dos brinquedos no Brasil. "A mãe sabe muito bem o que está fazendo. Eu prefiro confiar na mãe do que na ação do Estado para regular o que a família deve fazer. Eu prefiro o respeito a família brasileira", destacou.
Apesar de convidado, o
Conar não compareceu à audiência pública. Foi representado pelo vice-presidente
da Associação Brasileira de Anunciantes, Rafael Sampaio. Contrário à proibição
da publicidade infantil, o dirigente defendeu a autorregulamentação como o
melhor caminho para coibir abusos.
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